A busca de centenas de pacientes do Norte de Minas pela sobrevivência através de um doador de órgãos preocupa autoridades de saúde e tem gerado dados alarmantes. O “Setembro Verde” é uma campanha realizada por unidades de saúde que mostra a alegria de quem já conseguiu um transplante, mas ressalta a angústia de quem está à procura de um doador. Segundo o MG Transplantes, apenas em 2018, cerca de 20 pessoas morreram em Montes Claros na fila à espera de um doador. Os números já são maiores que em todo o ano anterior; em 2017, 19 pessoas morreram na fila de espera.
Além dos pacientes que não resistiram à espera, mais 280 ainda esperam por um órgão compatível. Dentre estas pessoas que estão na fila, ainda segundo o MG Transplantes, 261 esperam por um rim, seis aguardam por um fígado e 13 pessoas estão na fila esperando por uma doação de córnea.
Há um ano e meio o comerciante Valmir Eustáquio faz parte das estatísticas. Ele foi diagnosticado com uma cirrose hepática, doença que leva a falência do fígado. Desde então, as expectativas de conseguir um doador pausaram a vida do comerciante. “Eu não esperava, né? Uma pessoa que estava normal como eu estava, não espera nunca que de repente fosse acontecer uma coisa dessas. Todo mundo dá aquele impacto”, diz.
A esposa dele, que acompanha todo o tratamento, comenta que o sofrimento do marido se estende para toda a família. “É muito difícil, porque debilitou muito ele no início. Tinha dificuldades para andar, se alimentar, ficou muito fraco mesmo. Então a gente se preocupa muito”, comenta Aparecida Souza sobre as dificuldades do marido.
Desde então, Valmir faz acompanhamento médico e se trata com medicamentos, mas só o transplante de fígado pode curar. “Estou um ano e meio na fila. Não pode viajar, tem que ficar só aqui em Montes Claros aguardando, porque vai que sai este transplante tão esperado. Então não pode, tem que ficar aguardando”, diz.
Sensibilização
No Brasil, casos como o do comerciante Valmir são cada vez mais comuns. Cerca de 40 mil pessoas estão à espera de um órgão, segundo o Ministério da Saúde; pelo menos 3.620 pessoas desta lista são de Minas Gerais.
De acordo com o coordenador do serviço de transplantes da Santa Casa, Luiz Fernando Veloso, a recusa das famílias em doar os órgãos de parentes falecidos ainda é a maior barreira para realização de transplantes. Cerca de aproximadamente 60% dos casos, as potenciais doações acabam não ocorrendo pela resistência dos parentes devido ao pânico diante da situação da morte cerebral ou da morte do ente querido, além da questão cultural que impede a doação.
“A gente entende a dor, a dificuldade de enfrentar a morte de alguém que a gente ama. Mas a gente precisa ter uma percepção maior do outro, de quem não é seu parente, que está ao seu lado precisando e pode continuar vivendo com um pedacinho da vida de quem se foi”, explica.
Pedaço de uma nova vida
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— Giovani Cruz (@CruzzGiovani) September 21, 2018
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