Nos últimos dois anos, a Covid-19 matou mais mineiros com até 9 anos do que todas as doenças preveníveis com vacinas disponibilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A comparação comprova a urgência da imunização de crianças contra o coronavírus, medida defendida por médicos e cientistas.
Nesta semana, o Ministério da Saúde deve definir se dá ou não aval para aplicação da Pfizer em meninos e meninas de 5 a 11 anos. A dose já foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Nos últimos dois anos, 78 crianças perderam a vida por complicações provocadas pela Covid em Minas, enquanto 62 duas morreram por pneumonia, 17 por meningite e duas por hepatite. Cabe ressaltar, no entanto, que os imunizantes disponibilizados pelo SUS não protegem contra todas as variações dessas enfermidades, que podem ser causadas por vírus, bactérias ou fungos.
A tuberculose matou uma pessoa dessa faixa etária no Estado nesse mesmo período. Varicela e coqueluche não têm óbito desde 2019. Outras enfermidades, como caxumba, rubéola, sarampo e difteria, não registram nenhuma morte há pelo menos cinco anos.
Para a infectologista Gabriela Araújo Costa, membro da Sociedade Mineira de Pediatria, a imunização de crianças contra o coronavírus é um dos caminhos para o fim da pandemia. “Quanto mais rápido a gente vacinar, menor a chance deles adoecerem e de continuarem transmitindo”, afirma a médica.
Segundo a especialista, o Brasil é um dos países onde mais morreram crianças por complicações do vírus. “Está relacionado a vários fatores, como políticos, sociais, a questão do negacionismo, o atraso na vacina, dificuldade de acesso ao serviço de saúde para fazer um diagnóstico rápido, vaga em UTI para os casos mais graves”.
Com a aplicação do escudo, Gabriela afirma que a tendência é que os números de casos e óbitos infantis caiam e atinjam o mesmo patamar das outras enfermidades imunopreveníveis.
Capital
Conforme Paulo Roberto Correa, diretor de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de Belo Horizonte, o Executivo está preparado para iniciar a aplicação da vacina contra o coronavírus assim que for disponibilizada. “Não depende mais da gente, só de chegar nas nossas mãos. O planejamento em si já foi iniciado. Vamos fazer como os outros grupos, chamando as crianças por idade”.
Diante da dúvida de muitos pais sobre vacinar os filhos, o diretor garantiu que a PBH já iniciou conversas com as equipes de saúde para incentivar a busca pela proteção. “Elas também participam da pandemia, tanto adoecendo como transmitindo para outras pessoas. Por isso é importante vaciná-las”, concluiu.
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